A saia justa de Katarina Feitoza
- Tônia Lobão
- 29 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

A deputada federal Katarina Feitoza (PSD) entrou numa saia justa pra lá de apertada, meteu os pés pelas mãos, misturou alhos com bugalhos no recente episódio envolvendo a votação da PEC 164/2012, na Comissão de Constituição e Justiça.
Logo após ter votado a favor da PEC, a parlamentar sergipana parece ter sofrido um abalo. Correu para uma rede social, fez uma postagem citando Simone de Beauvoir e dizendo que os direitos das mulheres precisam ser constantemente vigiados.
A questão é que soa em estranha desarmonia o voto dado e a mensagem que veio logo em seguida. Há um abismo entre o alinhamento pelo fim do aborto legal no Brasil, sugerido na PEC, e a busca de amparo na figura da ativista política francesa.
Fica no ar a sensação de que entre o voto e a postagem, a deputada se deu conta de possíveis pressões que poderá sofrer, vindas da militância engajada na pauta identificada como diretos das mulheres. Pessoas que são contrárias a aprovação da PEC 164/2012.
Katarina Feitoza surgiu na política sergipana como uma carta tirada da manga, um perfil perfeito para a ocasião: as eleições municipais de 2020. Como num passe de mágica, dois anos depois, foi conduzida da vice prefeitura de Aracaju para a Câmara Federal.
De lá pra cá vem mantendo um perfil parlamentar comedido, quase imune a críticas, polêmicas e sobressaltos. Porém, havia uma pedra no meio do caminho: a PEC 164/2012. De uma hora para outra, todos os holofotes foram acesos sobre a parlamentar sergipana.
No fim das contas restou uma travessia em corda bamba. A deputada até agora tinha se mantido discreta entre as brumas de Brasília. Mas, esses dias, experimentou na pele a sombra do mal-estar que um posicionamento pode causar em parte da opinião pública.
Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados.
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